Pai, em tuas mãos
entregamos a vida do filho que nos destes.
Ó fidelíssimo santo,
que também tivestes parte nos mistérios de nossa Redenção, glorioso São José,
se a profecia de Simeão a respeito do que Jesus e Maria tinham de padecer vos
causou mortal angústia, também vos encheu de soberano gozo pela salvação e
gloriosa ressurreição que igualmente predisse teria de resultar para
inumeráveis almas.
Por esta vossa dor e
por esta vossa alegria, obtendo-nos que sejamos do número daqueles que, pelos
méritos de Jesus e pela intercessão da Virgem Maria, têm de ressuscitar
gloriosamente.
Dores e Alegrias de São José
4ª Dor e Alegria: A Apresentação de Jesus no Templo
O
contexto: o Espírito Santo se manifesta através do profeta Simeão e manifesta a
missão salvadora de Jesus. (Lc 2,25-35)
O evangelista Lucas
narra que vivia em Jerusalém um homem chamado Simeão. Era piedoso e justo, e
recebera do Espírito Santo a revelação de que não morreria sem antes ter visto
o Cristo do Senhor. Movido pelo Espírito Santo, veio ao templo, no momento em
que José e Maria apresentavam o Menino para o cumprimento da lei a seu
respeito. Neste rito da apresentação do menino, a participação de José é
incontestável, pois ele, como pai, tinha toda a responsabilidade e, ao mesmo
tempo, as prescrições das observâncias religiosas que diziam respeito ao Menino
eram da alçada do pai.
Na Escritura, os
deveres do pai eram: circuncidar o filho, pagar o resgate prescrito, instruí-lo
na Lei, ensinar-lhe uma profissão e levá-lo ao matrimônio. Por isso, é nesta
ocasião que Lucas qualifica expressamente José como “Pai” de Jesus.
Simeão, em virtude de seu carisma profético
anunciava a José a presença da salvação. As palavras de Simeão revelavam o
significado sobrenatural da vida daquela criança, que seria “Sinal de contradição... Queda e reerguimento
para muitos em Israel... Salvação para os povos... Luz para iluminar as nações...”
e provocaram em seus pais uma profunda admiração.
A
EXPERIÊNCIA DE JOSÉ.
São José, generoso e
sempre pronto a obedecer, naquela ocasião toma o Menino, levanta-o em seus braços
e exclama a Deus:
“O Deus Soberano, eis aqui o Menino que me destes como filho. Eu o amo
mais que a mim mesmo, adoro-o profundamente e reconheço como meu Deus. Vós
quereis que ele seja sacrificado para a salvação de todos os homens; eu me
inclino e me calo, adorando os vossos decretos”.
Este foi seguramente o
comportamento de José, atitude confiante, aberta e generosa de alguém que ama
profundamente a Deus. Vejamos o comentário sobre esta ocasião constante no
Curso de Josefologia, (parte I – capítulo 7):
“No rito da
apresentação de Jesus aparece evidente, a participação enfática de José porque
ele, como pai, era o responsável do Menino e das observâncias religiosas que
lhe diziam respeito. Sabemos que entre os deveres de um pai para com o seu
Filho estavam a tarefa de circuncidá-lo, de resgatá-lo, de instruí-lo na Torá e
numa profissão e de arranjar-lhe um casamento.
Desde o
momento em que o Anjo lhe havia transmitido em nome de Deus a ordem de tomar
Maria como sua esposa e de dar o nome à criança (Mt 1,21), José passou a viver
na espera deste filho e assim, se a Simeão, em virtude do seu carisma
profético, tocou anunciar pelos átrios do Templo a presença da salvação na
pessoa do Menino (Lc 2,30-31), a José, como pai do Menino, tocou de fazer-lhe
os gastos da oferta dele, em virtude do qual todos seriam salvos.
O Papa Pio
IX, devoto de São José, quando ainda era apenas um sacerdote, numa novena
pregada por ele, ao comentar a apresentação de Jesus no Templo evidenciava a
função de São José naquela particular circunstância, e assim descrevia o seu
gesto: “José generoso e pronto na obediência, levanta os braços e tendo a
suave hóstia do sacrifício exclama; Eterno Pai, eis esta criança, que me deste
em lugar de Filho, eu o amo mais que a mim mesmo este amável, este estimado
Filho; eu o adoro profundamente e com grandíssima reverência o reconheço por
meu Deus; somente nele eu vivo, somente nele eu me movo, somente nele eu
existo, mas vós quereis que este penhor seja sacrificado pela saúde dos
homens...”
A
EXPERIENCIA DE JOSÉ CONTINUA NOS DIAS DE HOJE.
A experiência de José e
de Maria diante da revelação profética do futuro de Jesus torna-se hoje muito
semelhante à experiência de tantos pais que no nascimento de seus filhos,
desejam-lhe um futuro feliz e cheio de realizações; mas ao mesmo tempo, sabem
que virão as dificuldades, as incertezas, o convite ao egoísmo e ao pecado e
tantos outros desafios a serem vencidos. Assim como José e Maria, assim também
nos dias de hoje os pais devem ter a sabedoria de consagrar seus filhos a Deus,
confiando a Ela o futuro de seus queridos.
A certeza de que “vale
a pena empenhar a vida por Cristo” deve despertar no coração de tantos pais e
mães que têm seus filhos vocacionados à vida consagrada sentimentos parecidos
com aqueles vivenciados por José e Maria durante a apresentação de Jesus e a
profecia de Simeão:
Nem tudo será fácil na
via de seu filho(a) tão amado(a), mas a missão é objetivo maior e a aceitação
da Vontade de Deus, bem como a certeza de que o sacrifício do filho será a
causa da redenção de tantos, consolam o coração dos pais que ao mesmo temem e
aceitam tal sacrifício redentor.
Certamente no coração
de José e Maria brotaram naquela ocasião uma oração silenciosa parecida com
aquele que o próprio Jesus haverá de exprimir um dia: “Pai, se for possível,
afasta de nosso amado filho este cálice, mas que seja feita a tua e não a nossa
vontade”.
Rezemos ao nosso Patriarca São José para que os
pais, cheios de Deus, possam ter serenidade e uma grande fé, mesmo nas apreensões
e incertezas da vida, e a mesma generosidade que levou José e Maria a aceitar a
vocação do filho e apoiá-lo em seu fiel cumprimento.
E NOS CONVIDA A CUIDARMOS DOS INTERESSES DE
JESUS.
Ao
se refletir sobre o verdadeiro sentido da “apresentação de Jesus”, vemos que o
exemplo do Santo Casal, José e Maria, torna-se um forte apelo à fidelidade na
missão. Como bem se expressou São José Marello, quando disse: “Eis a nossa
missão: fazer conhecer, fazer amar, fazer cumprir a doutrina de Jesus Cristo”,
a missão continua. Naquela época foram José e Maria a dizer o sim, hoje cada um
de nós é chamado a fazer o mesmo.