José, exemplo de prudência
e opção pela vontade de Deus.
Ó protetor das famílias, glorioso São
José, se a volta do Egito foi tumultuada pelo medo de Arquelau, causou-vos
grande consolação o sereno convívio de Nazaré, onde Jesus, na obediência, quis
ser por Vós preparado para a vida e para o trabalho.
Por esta vossa dor e por esta vossa
alegria, estendei-nos que sejamos libertados dos temores e apreensões, para que
cumpramos nossos deveres no sereno ambiente da família
e do trabalho, sob o olhar
paternal de Deus.
Dores e Alegrias de São José - 6ª Dor e
Alegria: A Volta do Egito
O
contexto: prudente, José busca um lugar seguro para a Sagrada Família. (Mt 2,19-23)
Assim como já havia
atendido o comunicado do Anjo para acompanhar o Menino Jesus e sua Mãe ao
Egito, e viver lá, num país estranho e pagão, para proteger o Menino da
crueldade do rei Herodes, da mesma forma José dispôs-se prontamente a voltar
para Nazaré, sua cidade, quando o Anjo lhe comunicou: “Levanta-se tome o Menino e sua Mãe, e volte para a terra de Israel,
pois já morreram os que tramavam contra a vida do Menino”.
Deixar o Egito
representava para a Sagrada Família muita coisa. Significava abandonar um país
idólatra e estranho e tornar a conviver com a gente simples e humilde de
Nazaré. Significava voltar a morar na pequena e pobre casa construída de pedras
calcárias, com o teto coberto de barro amassado. Significava retornar à prática
da profissão simples do carpinteiro, reatando as velhas e gostosas amizades.
Implicava a volta à vivência dos bons costumes no exercício de uma vida
descomplicada, com um regime alimentar bastante módico, feito de pães, peixes do
lago de Genesaré e um pouco de frutas. Significava voltar a freqüentar com
regularidade a sua Sinagoga, a partilhar com seu povo a fé no Deus verdadeiro.
Implicava, sobretudo, viver uma vida totalmente à disposição da vontade de Deus
com uma prontidão que poderíamos dizer inacreditável.
Mas a fama cruel de
Arquelau fez com que José tivesse medo de regressar ao país de Israel. Diz o
evangelista Mateus que, “tendo ouvido que
na Judéia reinava Arquelau em lugar de Herodes, seu pai, receou ir para lá”.
De fato, ao assumir o trono de seu pai, Arquelau distinguiu-se pelas
atrocidades que cometeu contra o povo de Israel, e José sabia disso; afinal, as
notícias espalhavam-se com certa facilidade pelas colônias judaicas situadas
fora da Palestina.
A
EXPERIÊNCIA DE JOSÉ.
Após o longo tempo de
exílio, José entra na pequena casa de Nazaré, onde havia se realizando o
mistério a encarnação. Assim descreve o Papa João Paulo II:
“Desde o
momento da Anunciação, José, juntamente com Maria, encontrou-se, em certo
sentido, no íntimo do mistério escondido desde todos os séculos em Deus e que
se tinha revestido de carne: “O
Verbo fez-se carne e habitou entre nós”(Jo 1,14). Sim, Ele habitou entre os
homens e o âmbito da sua morada foi a Sagrada Família de Nazaré, uma das tantas
famílias desta pequena cidade de Galiléia, uma das tantas famílias da terra de
Israel. Aí, Jesus crescia e “robustecia-se,
cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava com ele” (Lc 2,40). Os Evangelhos resumem em
poucas palavras o longo período da vida “oculta”, durante o qual Jesus se
preparou para a sua missão messiânica”.
A vida da Sagrada
Família em Nazaré, aparentemente não mostrava nada de brilhante ou
extraordinário, nada que pudesse atrair a atenção das pessoas. Todavia, sob as
aparências singelas escondia-se um tesouro de graça e de santidade; aquele
lugar pobre era riquíssimo, porque José o adorava com virtudes esplêndidas, que
resplandeciam com toda a intensidade em Maria, sua esposa, e em seu Filho Jesus.
CONTINUA
NOS DIAS DE HOJE.
A presença contínua
deste homem honesto, virtuoso e sério foi motivo de constante enriquecimento na
vida de Jesus e de Maria. O Papa Paulo VI, colhendo este feixe de luz brilhante
na família de Nazaré, assim se expressou: “São
José é o tipo do Evangelho que Jesus, depois de deixar a pequena oficina de Nazaré e iniciar sua
missão de mestre e profeta, anunciará como programa para a redenção da
humanidade”.
“Seu exemplo é a prova de que para sermos bons e autênticos
seguidores de Cristo não são necessárias coisas grandes, mas bastam virtudes
comuns, humanas, simples, porém verdadeiras e autênticas”. Por isso, a
atualidade de nossa devoção a São José nos convida a ter um amor sempre mais
profundo por Jesus e por sua Igreja, a um serviço oblativo e generoso aos
planos de Deus, que para cada um de nós vem indicado segundo as características
de vida que nos são próprias.
E NOS
CONVIDA A CUIDARMOS DOS INTERESSES DE JESUS.
A
prudência de José, que implica na opção por uma vida simples em Nazaré pois
esta era a melhor opção para a segurança e para o crescimento de Jesus, nos
mostra que para bem servir a Deus não é necessário “fazer ações
extraordinárias, senão de fazer em cada coisa a vontade de Deus” Vejamos:
“Imensas
são as vantagens que se tiram da união com Deus no santo recolhimento. Vejam a
Jesus, Maria e José, os três maiores personagens que viveram nesta terra. Que
faziam eles em Nazaré? Nada de grande e extraordinário aparentemente; não se
dedicavam senão a ocupações humildes e ordinárias, próprias de uma família de
trabalhadores. Mas estando eles animados pelo espírito de oração e de união com
Deus todas as suas ações assumiam um valor e esplendor imenso aos olhos do céu.
Não se trata, pois, de fazer ações extraordinárias, senão de fazer em cada
coisa a vontade de Deus. Sejam pequenos ou grandes os trabalhos que nos tenham
sido designados, basta que os façamos por obediência à vontade de Deus e
conseguiremos neles grandes méritos”. (São José Marello)
“Desejo apresentar à vossa consideração,
amados Irmãos e Irmãs, algumas reflexões sobre aquele a quem Deus «confiou a
guarda dos seus tesouros mais preciosos». É para mim uma alegria cumprir este
dever pastoral, no intuito de que cresça em todos a devoção ao Patrono da
Igreja universal e o amor ao Redentor, que ele serviu de maneira exemplar.
Desta forma, todo o povo cristão não só recorrerá a São José com maior fervor e
invocará confiadamente o seu patrocínio, mas também terá sempre diante dos
olhos o seu modo humilde e amadurecido de servir e de «participar» na economia
da salvação”. (Papa João Paulo II - Exortação Apostólica Redemptoris
Custos, 15/08/1989)