José, o Educador que merece nosso reconhecimento e devoção. (Semente Josefina - Setembro de 2015)

José, o Educador que merece nosso reconhecimento e devoção. 

O crescimento de Jesus “em sabedoria, em estatura e em graça” (Lc 2,52), deu-se no âmbito da Sagrada Família, sob o olhar de São José, que tinha a alta função de o “criar”; ou seja, de alimentar, vestir e instruir Jesus na Lei e num ofício, em conformidade com os deveres estabelecidos para o pai. 
(Papa João Paulo II - Redemptoris Custos 16)

Para compreendermos melhor o modo como São José desempenhou a sua missão de proteger e acompanhar Jesus em seu crescimento, vejamos as palavras do Papa Francisco:
Hoje, 19 de Março (2014), celebramos a festa solene de São José, Esposo de Maria e Padroeiro da Igreja universal. Por conseguinte, dedicamos esta catequese a ele, que merece todo o nosso reconhecimento e a nossa devoção, pelo modo como ele soube proteger a Virgem Santa e o Filho Jesus. O ser guardião é a característica de são José: é a sua grande missão, ser guardião, como eu recordava precisamente há um ano.
Hoje, gostaria de retomar o tema da proteção, a partir de uma perspectiva particular: a perspectiva da educação. Olhemos para José como o modelo do educador, que protege e acompanha Jesus no seu caminho de crescimento, «em sabedoria, idade e graça», como reza o Evangelho de Lucas (2, 52). Ele era o pai de Jesus: o pai de Jesus era Deus, mas ele desempenhava o papel de pai de Jesus, era pai de Jesus para fazê-lo crescer. E como o fez crescer? Em sabedoria, idade e graça. E podemos procurar utilizar precisamente estas três palavras — sabedoria, idade e graça — como uma base para a nossa reflexão.
Comecemos pela idade, que constitui a dimensão mais natural, o crescimento físico e psicológico. Juntamente com Maria, José cuidava de Jesus antes de tudo a partir deste ponto de vista, ou seja, «criou-o», preocupando-se a fim de que não lhe faltasse o necessário para um desenvolvimento sadio. Não esqueçamos que a tutela cheia de esmero da vida do Menino comportou também a fuga para o Egito, a dura experiência de viver como refugiados — José foi um refugiado, juntamente com Maria e Jesus — para fugir da ameaça de Herodes. Depois, quando voltaram para a pátria, estabelecendo-se em Nazaré, há outro período da vida escondida de Jesus na sua família, no seio da Sagrada Família. Naqueles anos, José ensinou a Jesus também o seu trabalho, e Jesus aprendeu a profissão de carpinteiro, juntamente com o seu pai José. Foi assim que José educou Jesus, a tal ponto que, quando era adulto, lhe chamavam «o filho do carpinteiro» (Mt 13, 55).
Passemos à segunda dimensão da educação de Jesus, a da «sabedoria». Diz a Escritura que o princípio da sabedoria é o temor do Senhor (cf. Pr 1, 7; Eclo 1, 14). Temor não tanto no sentido de medo, mas de respeito sagrado, de adoração e de obediência à sua vontade, que procura sempre o nosso bem. José foi para Jesus exemplo e mestre desta sabedoria, que se alimenta da Palavra de Deus. Podemos pensar no modo como José educou o pequeno Jesus a ouvir as Sagradas Escrituras, principalmente acompanhando-o aos sábados à sinagoga de Nazaré. E José acompanhava-o para que Jesus ouvisse a Palavra de Deus na sinagoga. E a prova da escuta profunda de Jesus em relação a Deus, José e Maria tiveram-na — de uma maneira que os surpreendeu — quando ele, com doze anos, permaneceu no templo de Jerusalém sem que eles o soubessem; e encontraram-no depois de três dias, enquanto dialogava com os doutores da lei, os quais ficaram admirados com a sua sabedoria. Eis: Jesus está repleto de sabedoria, porque é o Filho de Deus, mas o Pai celeste valeu-se da colaboração de são José, a fim de que o seu Filho pudesse crescer «cheio de sabedoria» (Lc 2, 40).
E por fim, a dimensão da «graça». Diz ainda São Lucas, referindo-se a Jesus: «A graça de Deus estava sobre Ele» (2, 40). Aqui, certamente a parte reservada a são José é mais limitada do que aos âmbitos da idade e da sabedoria. Todavia, seria um erro grave pensar que um pai e uma mãe nada podem fazer para educar os filhos a crescer na graça de Deus. Crescer em idade, crescer em sabedoria, crescer em graça: este é o trabalho que José levou a cabo em relação a Jesus: fazê-lo crescer nestas três dimensões, ajudá-lo a crescer. José fê-lo de um modo verdadeiramente único, insuperável. Com efeito, ele tinha desposado a mulher «cheia de graça» (Lc 1, 28), e sabia bem que Jesus tinha sido concebido por obra do Espírito Santo. Portanto, neste campo da graça, a sua obra educativa consistia em secundar a obra do Espírito no coração e na vida de Jesus, em sintonia com Nossa Senhora. Este âmbito educativo é o mais específico da fé, da oração, da adoração e da aceitação da vontade de Deus e do seu desígnio. Também e sobretudo nesta dimensão da graça, José educou Jesus primariamente com o exemplo: o exemplo de um «homem justo» (Mt 1, 19), que se deixa sempre guiar pela fé, e sabe que a salvação não deriva da observância da lei, mas da graça de Deus, do seu amor e da sua fidelidade.
Convém notar, também, que na educação de Jesus teve um papel fundamental a escuta da Palavra e o testemunho de seus pais, que permitiram a Jesus perceber que Palavra e Vida podem e devem apoiar-se mutuamente. Vejamos um pouco da narração do dia a dia da Família de Nazaré: 
Como qualquer criança de seu tempo, Jesus queria crescer, e por isso observava com atenção o comportamento do pai e da mãe e se espelhava nos seus exemplos para tornar-se como eles. Será um aluno atento na carpintaria como esmero e manejo da serra e as pancadas certeiras do martelo. Sentir-se-á feliz aos sábados, ao deixar a labuta da oficina ou os bancos da escola para acompanhar o pai à sinagoga, ficará admirado ao seguir com atenção seus gestos e suas inclinações na casa de oração, sentira orgulho dele ao vê-lo encaminhar-se para frente na sinagoga, pegar o pergaminho da palavra de Deus nas mãos e proclamar em voz alta e altissonante a todos os presentes a palavra do Senhor.
Será no convívio com os pais que aprenderá o que é necessário para a vida, mas será também na sinagoga, lugar rico em ensinamentos, que irá entender muitas coisas. Atraído por sua curiosidade de criança, saberá que a pequena lâmpada, sempre acesa diante do armário que guarda sigilosamente os pergaminhos da Sagrada Escritura, simboliza a luz da lei divina ali presente que ilumina todos os homens. Será na frequência à sinagoga que compreenderá que as estrelas de seis pontas significam o emblema do seu antepassado Davi, o grande rei que escreveu salmos belíssimos, muitos dos quais já sabia de cor, pois tinha aprendido em casa nos joelhos de Maria, sua mãe, ou na companhia do pai na carpintaria.
Será na sua família, pequena escola de Nazaré, que Jesus aprenderá a rezar e santificar o dia elevando o pensamento a Deus com as orações costumeiras do israelita. José e Maria, cientes da educação devida ao filho, não se limitarão a transmitir ensinamentos a Jesus apenas em casa, mas seguramente o encaminharão todos os dias a uma escola sinagogal, onde terá como livro os textos sagrados e como professor um rabi. Na escola aprenderá a recitar em voz alta o Shemá, a fórmula fundamental da fé do seu povo, assim como aprenderá longos trechos do Pentateuco. Em casa, aos poucos, entenderá os episódios, da história do seu povo, e como toda criança começará a amar os seus heróis estudados nos textos sagrados, como os Profetas, o poderoso José do Egito, Moisés o grande libertador e líder que conduziu o povo da escravidão do Egito pelo deserto por quarenta anos até a terra prometida, e Davi, que na sua simplicidade abateu o gigante Golias...
(Pe. José Antônio Bertolin, OSJ - Curso de Josefologia – Capítulo 10).
São José, que mereceis todo o nosso reconhecimento e a nossa devoção, rogai por nós!