Permanecei conosco, ó São José (Semente Josefina - janeiro de 2016)

Permanecei conosco, ó São José.
Permanecei conosco, ó São José, nos nossos momentos de prosperidade, quando tudo nos convida a gozar honestamente dos frutos de nossas fadigas; mas, sobretudo, permanecei conosco e sustentai-nos nas horas de tristeza quando parece que o céu quer fechar-se sobre nós e até os instrumentos de nosso trabalho vão escapar de nossas mãos” (São Pio XII, 1958).

Iniciamos o ano de 2016 agradecendo ao Senhor pelo Ano Santo e o Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Certamente será, como já está sendo, um tempo de graças e bênçãos. Mas o Papa Francisco apresentou a cada um de nós um desafio: “nos tornarmos um sinal do agir do Pai”. Vejamos: 
Há momentos em que somos chamados, de maneira ainda mais intensa, a fixar o olhar na misericórdia, para nos tornarmos nós mesmos sinal eficaz do agir do Pai. Foi por isso que proclamei um Jubileu Extraordinário da Misericórdia como tempo favorável para a Igreja, a fim de se tornar mais forte e eficaz o testemunho dos crentes”. (Papa Francisco, Bula de Proclamação do Ano Santo).
O Ano Santo está aí! Deus seja louvado! Mas, seremos capazes de atender ao chamado do Papa? Com certeza sim, se formos fiéis ao chamado e tanto mais eficazes seremos na realização da missão quanto mais estivermos cientes de que não estamos sozinhos. São José, o Patrono da Igreja, o Guarda do Redentor, Pai de Jesus Misericordioso, caminha conosco. Entre tantos outros, citemos a inovação de três santos, que a seu tempo e perante os desafios que então se lhes apresentavam, recorreram com confiança a São José: 
São Pio XII: “Permanecei conosco, ó São José, nos nossos momentos de prosperidade, quando tudo nos convida a gozar honestamente dos frutos de nossas fadigas; mas, sobretudo, permanecei conosco e sustentai-nos nas horas de tristeza quando parece que o céu quer fechar-se sobre nós e até os instrumentos de nosso trabalho vão escapar de nossas mãos”. 
São José Marello: “Indica-nos, São José, o caminho, sustenta-nos a cada passo, conduze-nos para onde a Divina Providência quer que cheguemos. Seja comprido ou curto, bom ou mau o caminho, enxergue-se ou não a meta com a vista humana, contigo, São José, estamos certos de que sempre caminhamos bem”. 
E, São João Paulo II: “É para mim uma alegria cumprir este dever pastoral, no intuito de que cresça em todos a devoção ao Patrono da Igreja universal e o amor ao Redentor, que ele serviu de maneira exemplar. Desta forma, todo o povo cristão não só recorrerá a São José com maior fervor e invocará confiadamente o seu patrocínio, mas também terá sempre diante dos olhos o seu modo humilde e amadurecido de servir e de “participar” na economia da salvação”.
O desafio do Ano Santo está aí! “Permanecei conosco, ó José”. “Indica-nos o caminho”. “Sustenta-nos a cada passo”. “Conduze-nos para onde a Divina Providência quer que cheguemos”. 

Rezamos junto com os santos e sigamos o discernimento do Papa Francisco: 
"Neste Ano Santo, poderemos fazer a experiência de abrir o coração àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática. Quantas situações de precariedade e sofrimento presentes no mundo atual! Quantas feridas gravadas na carne de muitos que já não têm voz, porque o seu grito foi esmorecendo e se apagou por causa da indiferença dos povos ricos.
Neste Jubileu, a Igreja sentir-se-á chamada ainda mais a cuidar destas feridas, aliviá-las com o óleo da consolação, enfaixá-las com a misericórdia e tratá-las com a solidariedade e a atenção devidas.
Não nos deixemos cair na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói. Abramos os nossos olhos para ver as misérias do mundo, as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da própria dignidade e sintamo-nos desafiados a escutar o seu grito de ajuda. As nossas mãos apertem as suas mãos e estreitemo-los a nós para que sintam o calor da nossa presença, da amizade e da fraternidade. Que o seu grito se torne o nosso e, juntos, possamos romper a barreira de indiferença que frequentemente reina soberana para esconder a hipocrisia e o egoísmo". (Papa Francisco, 2015).
Juntos com São José, e certamente com sua Esposa, a Mãe da Divina Misericórdia, redescubramos a vocação de caminhar rumo a um modo cada vez mais amadurecido e concreto de servir ao Senhor na pessoa dos mais necessitados. 

Mas, como poderemos fazer isso concretamente? Cada um pessoalmente, e cada comunidade de modo conjunto, deve encontrar a sua resposta. 

Para apoiá-los nesta tarefa apresentaremos nas Sementes Josefinas de 2016 um modo ao mesmo tempo tradicional e novo de meditar e celebrar as Dores e Alegrias de São José, uma devoção secular e que tem sido tão bem recomendada ao longo dos anos. 

Origem da devoção das Sete Dores e Alegrias de São José. 

Um capuchinho italiano, João de Fano (+1539) na sua “História de São José e de sua intercessão”, propôs a devoção das “Sete dores e alegrias de São José”, atribuindo sua autoria ao mesmo santo que, depois de ter salvado dois monges do naufrágio, ter-lhes-ia pedido de rezar todo dia sete Pai Nosso e sete Ave-Maria em memória de suas dores e alegrias em vida. A devoção parece moldada sobre aquela correspondente de Nossa Senhora das Dores, então muito popular. A pia prática, aprovada pelos Sumos Pontífices, é hoje muito difundida e sua formulação (clássica) atual é atribuída ao Ven. Genuaro Sarnelli (+1744). (CEJM – Curso de Josefologia).

Relatos antigos indicam que a origem desta devoção teve início pelo relato de dois frades Franciscanos que, numa viagem, foram surpreendidos nas costas da Flandres por uma grande tempestade, e o navio em que viajavam submergiu com os trezentos passageiros que levava. A Divina Providência permitiu que se salvassem os dois franciscanos sobre umas tábuas, nas quais navegaram três dias entre a vida e a morte. Lembraram-se de S. José, naquelas horas de angústia. Recomendaram-se fervorosamente ao Santo Esposo de Maria. No mesmo instante aparece-lhes sobre as ondas um jovem, cheio de majestade e de bondade, que se oferece para os guiar sobre as tábuas e os conduz rapidamente a um porto, onde saltaram em terra. Os dois frades caíram de joelhos aos pés do seu salvador, num agradecimento comovido. - Quem és? Perguntaram-lhe curiosos. E teriam obtido a seguinte resposta: 
Eu sou José, Esposo de Maria e Pai Putativo de Jesus Se quereis agradecer-me e fazer alguma coisa que me seja agradável, não deixeis de rezar todos os dias e devotamente sete vezes o Pai nosso e sete vezes a Ave Maria em memória das sete dores e alegrias com as quais a minha alma foi afligida na Terra, e em memória das sete alegrias que consolaram o meu Coração quando vivi no mundo com Jesus e Maria”.
Ditas estas palavras, desapareceu. Daí veio a propagação desta prática tão bela de piedade que popularizou-se , rapidamente. Esta devoção, tão conforme ao Santo Evangelho, é uma lembrança dos mistérios da Santa Infância de Jesus. A Igreja a enriqueceu de indulgências. É como que o Rosário de S. José. O que a devoção do Rosário é para nossa Senhora, assim as sete alegrias e as sete dores para S. José. 

Dores e alegrias de São José, uma simples devoção ou nossa história? 

Em seu comentário sobre a importância e atualidade da devoção das Sete Dores e Alegrias de São José, o Pe. Mário Guinzoni, OSJ, apresenta um novo modo de olhar para esta devoção: “se bem entendida e rezada, a oração das Sete Dores e Alegrias de São José deixam de ser uma simples devoção e tornam-se a nossa história”. Vejamos uma parte de seus comentários: 
"Dores e alegrias são a vida cotidiana de todo o ser humano, e fazem crescer, ser gente e ser cristão. Mas, é, sobretudo, na vida do povo humilde, na realidade dura e sofrida, que dores e alegrias são vividas com mais intensidade, e com a simplicidade da fé e da gratuidade. São José, o humilde carpinteiro de Nazaré, se identifica com tantos pais de família, com problemas de trabalho, de emprego, de moradia. José está vivo hoje nos vários “Zé” do nosso Brasil: nos João, nos Severino, Gumercindo... Que vivem com fé em Deus numa terrível luta pela sobrevivência. Sob esta perspectiva, as dores e alegrias de São José são mais vivas do que nunca: vivas porque reais, vivas porque acontecem hoje, ao nosso redor. Deixam de ser uma devoção, e se tornam nossa história".
Nos próximos meses, de fevereiro a agosto de 2016, dedicaremos a Semente Josefina de cada mês para refletir, sobre este foco, as Sete Dores e Alegrias de São José. Mas desde já os motivamos a retomar, ou rezar como novo ardor, as Sete Dores e Alegrias. 

Os textos sugeridos para esta devoção são bastante conhecidos e entendemos que você não terá dificuldade em encontra-los, mas se tiver recomendamos acessar no site (www.josedenazare.org.br) e ali encontrará os textos que recomendamos. 

Feliz Ano Santo! E que São José esteja ao seu lado nos momentos felizes e nos “momentos de prosperidade” e “nas horas de tristeza”.